O Sétimo Mandamento: Não Roubar
Ele direciona o homem ao verdadeiro desenvolvimento
O Sétimo Mandamento não
nos proíbe apenas de retirar algo de outra pessoa; ele exige também uma
justa administração e divisão dos bens da terra, isto é, a regulação da
propriedade privada e da distribuição dos rendimentos do trabalho
humano. Também é denunciada, nesse mandamento, a injusta repartição das
matérias-primas.
A
Igreja encontra fundamentada neste mandamento também a sua doutrina
social, que compreende o reto agir na atividade econômica e na vida
social e política, o direito e o dever do trabalho humano, a justiça e a
solidariedade entre as nações, o amor aos pobres.
Desta
forma, o Catecismo da Igreja Católica afirma que esse mandamento
prescreve o respeito aos bens alheios com a prática da justiça e da
caridade, da temperança e da solidariedade. Em particular, exige o
respeito das promessas e dos contratos estipulados; a reparação da
injustiça cometida e a restituição do mal feito; bem como o respeito
pela integridade da criação com o uso prudente e moderado dos recursos
minerais, vegetais e animais existentes no universo, com especial
atenção para com as espécies ameaçadas de extinção.
O
Sétimo Mandamento, antes de mais, proíbe o furto, que é a usurpação do
bem alheio contra a razoável vontade do seu proprietário. É o que também
sucede no pagamento de salários injustos; na especulação sobre o valor
dos bens para obter vantagens com prejuízo para os outros; na
falsificação de cheques ou faturas. Proíbe, além disso, cometer fraudes
fiscais ou comerciais, causar um dano às propriedades privadas ou
públicas. Proíbe também a usura, a corrupção, o abuso privado dos bens sociais, os trabalhos culpavelmente mal feitos e o esbanjamento.
O
furto também diz respeito aos bens imateriais. Esse tipo de pecado
começa, por exemplo, quando copiamos alguém na escola, baixamos
ilegalmente conteúdos da internet, fazemos fotocópias ilegais ou cópias
piratas dos mais diversos tipos. O vandalismo e a danificação
intencional do equipamento ou patrimônio público são formas de roubo e
também devem ser reparados, afirma o Youcat - Catecismo Jovem (429).
A Igreja afirma que, tendo em vista que as pessoas são filhas de Deus, detentoras de uma dignidade única, é dever da doutrina social da Igreja
interferir-se nas relações humanas, dando diretrizes a respeito da
política, economia, ciências, entre outros, quando a dignidade delas é
ameaçada. Assim, a Igreja emite um juízo moral em matéria econômica e
social quando isso é exigido pelos direitos fundamentais da pessoa, do
bem comum ou da salvação das almas. Pois todas estas relações sociais
devem ter o homem como seu autor, centro e fim.
Portanto,
todo homem tem o dever e o direito a um trabalho, por meio do qual ele
colabora com Deus criador, pois, ao trabalhar com empenho e competência,
a pessoa põe em ação capacidades inscritas na sua natureza, exalta os
dons do Criador e os talentos recebidos, sustenta-se a si e aos seus
familiares, serve a comunidade humana. Além disso, com a graça de Deus, o
trabalho pode ser meio de santificação e de colaboração com Cristo para
a salvação dos outros.
Os trabalhadores devem realizar o seu trabalho, com consciência, competência e dedicação, procurando resolver, com o diálogo, eventuais controvérsias. O recurso à greve, quando esta não é
violenta, é moralmente legítimo ao se apresentar como instrumento
necessário em vista dum benefício proporcionado e tendo em conta o bem
comum. Compete ao Estado fornecer a segurança das garantias das
liberdades individuais e da propriedade, para além duma moeda estável e
de serviços públicos eficientes; compete-lhe ainda zelar e orientar o
exercício dos direitos humanos no setor econômico. A sociedade deve
ajudar os cidadãos a encontrar trabalho, conforme as circunstâncias.
No
plano internacional, todas as nações e instituições devem atuar na
solidariedade e na subsidiariedade, com vista a eliminar, ou pelo menos
reduzir, a miséria, a desigualdade dos recursos e dos meios econômicos,
as injustiças econômicas e sociais, a exploração das pessoas, a
acumulação da dívida dos países pobres, os mecanismos perversos que
criam obstáculos ao progresso dos países menos desenvolvidos.
O homem é autor, centro e fim de
toda a vida econômica e social, sendo assim, o ponto central das
questões sociais, tratadas no Sétimo Mandamento, para que os bens
criados por Deus para todos, de fato, cheguem a todos, conforme a
justiça e com a ajuda da caridade.
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