domingo, 4 de novembro de 2012

O sacramento da Ordem
Olá galerinha....
Os assuntos dessa semana foram  o sacramento da Ordem Sacerdotal, o Dia de Todos os Santos e a Páscoa... Vamos nos aprofundar mais na história nossa Igreja?
A Ordem é o sacramento que transforma o leigo em diácono, o diácono em sacerdote e o sacerdote em bispo. É o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo a seus Apóstolos continua sendo exercida na Igreja até o fim dos tempos; é o sacramento do ministério apostólico. Possui três graus: o diaconato (para diáconos) o presbiterado (para padres) e o episcopado (para bispos).
O sacramento da Ordem insere a pessoa num determinado grupo de cristãos que exercem uma função específica em relação à do cristão leigo, graças à imposição das mãos do bispo e da oração consecratória.
Toda a Igreja é um povo sacerdotal, pois graças ao Batismo, todos os fiéis participam do sacerdócio de Cristo. O "sacerdócio comum dos fiéis" deve ser exercido por todos os cristãos.
O ministério conferido pelo sacramento da Ordem consiste num outro tipo de participação na missão de Cristo, ou seja, no serviço em nome e na pessoa de Cristo no meio da comunidade. Além disso, o sacerdócio ministerial confere um poder sagrado para esse serviço dos fiéis. Esse serviço consiste no ensino, no culto divino e no governo pastoral.
No serviço eclesial do ministro ordenado, é o próprio Cristo que está presente à sua Igreja enquanto Cabeça de seu Corpo, Pastor de seu rebanho, Sumo Sacerdote do sacrifício redentor, Mestre da Verdade. A Igreja expressa isso dizendo que o sacerdote, em virtude do sacramento da Ordem, age "In persona Christi Capitis", ou seja, na pessoa de Cristo-Cabeça.
O bispo é o único que pode tornar o leigo um diácono, sacerdote ou outro bispo. Para que isso aconteça e seja válido, o bispo ordenante deve ter sido validamente ordenado, isto é, que esteja na linha da sucessão apostólica, e em comunhão com a Igreja toda, principalmente com o Sumo Pontífice (o Papa).
Os padres somente podem exercer seu ministério na dependência do bispo e em comunhão com ele. Já para a legítima ordenação de um Bispo, é hoje exigida uma especial intervenção do Bispo de Roma (o Papa), por causa de sua qualidade de vínculo visível supremo da comunhão das Igrejas particulares (as dioceses) na única Igreja e garantia da sua liberdade.
A ordenação de mulheres não é possível porque o Senhor Jesus escolheu homens para formar o colégio dos doze Apóstolos, e os apóstolos fizeram o mesmo quando escolheram os colaboradores que seriam seus sucessores na missão. O colégio dos bispos, ao qual os presbíteros estão unidos no sacerdócio, torna presente e atualiza, até o retorno de Cristo, o colégio dos doze. A Igreja se reconhece ligada a essa escolha do próprio Senhor.
O sacramento da Ordem é concedido uma vez por todas, ou seja, não pode ser repetido, pois confere um caráter espiritual indelével, ou seja, para sempre. Assim, um padre que deixe o ministério para casar-se, por exemplo, continua sendo padre. Se ficar viúvo e quiser voltar a exercer o ministério, não precisa ser ordenado novamente, bastando seguir as orientações da Igreja a esse respeito.
Por falar nisso, é bom lembrar que na Igreja de rito latino somente o diácono pode ser casado; o bispo e o padre devem ser solteiros ou, em alguns casos, viúvos. Entretanto, se o diácono permanente casado ficar viúvo, não poderá mais se casar.



Dia de todos os Santos

Hoje, a Igreja não celebra a santidade de um cristão que se encontra no Céu, mas sim, de todos. Isto, para mostrar concretamente, a vocação universal de todos para a felicidade eterna.
"Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: 'Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito' "(Mt 5,48) (CIC 2013).
Sendo assim, nós passamos a compreender o início do sermão do Abade São Bernardo: "Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas? A eles que, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é nosso, não deles".
Sabemos que desde os primeiros séculos os cristãos praticam o culto dos santos, a começar pelos mártires, por isto hoje vivemos esta Tradição, na qual nossa Mãe Igreja convida-nos a contemplarmos os nossos "heróis" da fé, esperança e caridade. Na verdade é um convite a olharmos para o Alto, pois neste mundo escurecido pelo pecado, brilham no Céu com a luz do triunfo e esperança daqueles que viveram e morreram em Cristo, por Cristo e com Cristo, formando uma "constelação", já que São João viu: "Era uma imensa multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas" (Ap 7,9).
Todos estes combatentes de Deus, merecem nossa imitação, pois foram adolescentes, jovens, homens casados, mães de família, operários, empregados, patrões, sacerdotes, pobres mendigos, profissionais, militares ou religiosos que se tornaram um sinal do que o Espírito Santo pode fazer num ser humano que se decide a viver o Evangelho que atua na Igreja e na sociedade. Portanto, a vida destes acabaram virando proposta para nós, uma vez que passaram fome, apelos carnais, perseguições, alegrias, situações de pecado, profundos arrependimentos, sede, doenças, sofrimentos por calúnia, ódio, falta de amor e injustiças; tudo isto, e mais o que constituem o cotidiano dos seguidores de Cristo que enfrentam os embates da vida sem perderem o entusiasmo pela Pátria definitiva, pois "não sois mais estrangeiros, nem migrantes; sois concidadãos dos santos, sois da Família de Deus" (Ef 2,19).
Neste dia a Mãe Igreja faz este apelo a todos nós, seus filhos: "O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade se dirige a todos os fiéis cristãos." "A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada" (CIC 2028).
Todos os santos de Deus, rogai por nós!



A Páscoa Judaica e Páscoa Cristã: diferenças e semelhanças

Pessach (do hebraico  פסח, ou seja, passagem) é o nome do sacríficio executado em 14 de Nissan segundo o calendário judeu e que precede a Festa dos Pães Ázimos . O nome Pessach é associado a esta festa, que celebra e recorda a libertação do povo de Israel  do Egito, conforme se encontra  narrado no livro do Êxodo. Corresponde ao que, no Ocidente, chamamos  Páscoa judaica.  O Cristianismo, que nasce no seio da sinagoga judaica, chamou de Páscoa sua maior festa: a que celebra a ressurreição de Jesus Cristo, reconhecido e confessado como Messias e Filho de Deus, do poder da morte para a vida que não termina. A Páscoa judaica e a Páscoa cristã têm muitas diferenças, mas também muitos pontos em comum.
De acordo com a tradição judaica, a primeira celebração de Pessach ocorreu há 3500 anos, quando de acordo com a Torah – a Lei de Deus – o Senhor enviou dez pragas sobre o povo do Egito. Antes da décima praga, - que seria a morte dos primogênitos das famílias egípcias -  Moisés  foi instruído pelo mesmo Deus a pedir que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e molhasse os umbrais (mezuzót) das portas, para que seus primogênitos não fossem exterminados.
Chegada a noite, os hebreus comeram a carne de um cordeiro sem mancha, acompanhada de pães ázimos e ervas amargas. Depois,  um anjo enviado por Deus feriu de morte todos os primogênitos egípcios, desde os primogênitos dos animais até mesmo os primogênitos da casa do Faraó. Então este, temendo ainda mais a Ira Divina, aceitou libertar o povo de Israel para adoração no deserto, o que levou o povo ao Êxodo que o levou à liberdade e a sua constituição como povo.Como memória  desta libertação, e do castigo de Deus sobre o Faraó foi instituído para todas as gerações de judeus a obrigação de celebrar a festa de Pessach para rememorar o que Deus fez em seu favor.
Pessach portanto significa a passagem, porém a passagem do Senhor através de seu mensageiro, o anjo .  Posteriormente foi agregado a esta concepção a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho que confirmou sua libertação.  Até hoje os judeus celebram  esta festa que  evoca os preciosos símbolos que a história da libertação do Egito traz à memória e à história: liberdade, justiça, reinício do ciclo da vida.
 A festa cristã da Páscoa tem origem na festa judaica, mas possui um significado diferente. Enquanto para o Judaísmo, Pessach representa a libertação do povo de Israel do Egito, no Cristianismo a Páscoa é a festa maior que celebra a morte e ressurreição de Jesus Cristo, assimilando também diversos elementos alegóricos de morte e renascimento representados pela transição do inverno-primavera que ocorre neste período no hemisfério norte; ou pelo ovo símbolo da vida, ou pelo coelho, símbolo da fecundidade e abundancia de vida.
 Nada haveria acontecido e nada haveria a celebrar se não fosse essa passagem do Senhor, ao mesmo tempo assustadora e alumbradora na vida do povo de Israel e na carne torturada e assassinada de Jesus de Nazaré.  Foi por esta apertada e apressada passagem que o povo eleito conheceu a liberdade e também conheceu mais ao seu Deus. No duro aprendizado do deserto, este mesmo povo aprenderá que não há que ter saudades da falsa abundancia da escravidão, com panelas cheias de cebola e carne.  Pelo contrário, há que alimentar-se do escasso maná, dado por Deus segundo a necessidade de cada dia enquanto se caminha rumo à verdadeira liberdade e plenitude. Os primeiros cristãos viram no mistério pascal de Jesus Cristo novo Exodo e nova Páscoa.  Na pessoa do Nazareno inocente e condenado pelos poderes deste mundo enxergaram a salvação, a passagem do Senhor que enfim manifestava o seu Dia.  Era cumprido o Tempo e a salvação enfim se fazia presente sobre a história.  O Senhor voltaria novamente em plena glória e enquanto tal havia que esperá-lo vivendo o amor até as últimas consequencias.
 No entanto, com o passar do tempo, a comunidade cristã foi compreendendo que essa revelação ainda tinha muito a ensinar.  Com a Ressurreição do Crucificado, Deus seu Pai dissera sua última palavra sobre aquela vida feita só de amor e humilde serviço.  A morte não tinha mais poder sobre ele.  E a partir dele, não teria mais poder sobre nenhum homem e mulher vindos a este mundo.  Porém, a Paixão ainda não terminara no seio da história.  Enquanto a criação inteira se contraía com a dolorosa expectativa da mulher que vai dar à luz e em meio a suas dores pre-sente a esplendorosa alegria do alumbramento do parto, continuava a haver sofrimento no mundo.  Lutas de poder no interior da comunidade, perseguições de toda sorte por parte das mais diversas instâncias.  A luz trazida pela passagem de Jesus da morte para a vida pelo poder de Deus brilhava através e apesar das trevas que ainda continuavam com paciência termital seu trabalho predatório sobre a vida e a humanidade.
Por isso o grande Paulo de Tarso ensinará às comunidades que é preciso vigiar.  O Ressuscitado ainda está crucificado toda vez que a vida é machucada e a injustiça parece ganhar terreno.  A vitória já está alcançada mas ainda não se manifestou em plenitude.  E enquanto isso é preciso ter os rins cingidos, as sandálias aos pés e o cajado à mão. E deixar-se possuir pela urgência e pela pressa.
 Urgência de fazer avançar o Reino de Deus através do conflito e da dor.  Pressa de fazer acontecer o amor sobretudo ali onde o desamor parece haver conseguido seu maior avanço: na pobreza, na injustiça, na violência, na exclusão.  Mas em meio à pressa e à urgência, coração alegre e esperançado.  Pois o Senhor passou e passa.  Passou em meio ao povo cativo levando-o do cativeiro à libertação. Passou no corpo e na vida de Jesus de Nazaré suscitando-o da morte à vida.  Passa e passará em nossas vidas levando-nos da noite escura da injustiça, da violência e do vazio à alegria luminosa que vem do amor feito serviço e lava pés aos irmãos oprimidos no rosto de quem brilha o rosto do Ressuscitado.  Por isso a celebração da Páscoa, entre judeus ou cristãos, é a festa da vida e da alegria, mas também da urgência.  Urgência de viver no respeito e não apenas na tolerância às diferenças que marcam as diversas identidades.  Indignação e prática amorosa diante das enormes desigualdades que aprisionam e desumanizam sociedades inteiras. 
Ungidos pela pressa de construir o Reino e cientes que não seremos livres enquanto outros permanecerem escravos de corpo ou de alma, cantemos Aleluia! É nosso dever e nossa salvação, pois Deus passou e libertou seu povo; passou e ressuscitou seu Cristo dentre os mortos e nada mais poderá separar-nos de seu amor.